Os jornalistas e radialistas que trabalham em jornais, rádios, TVs, sites/blogs e assessorias, de forma presencial, estão diariamente expostos ao vírus da covid-19. Eles estão constantemente fazendo coberturas externas para os veículos e seus assessorados. São eventos com aglomeração, onde é impossível muitas vezes seguir rígidos protocolos de segurança, como exigência de uso de máscaras por todos os presentes e distanciamento mínimo.
Quando estes jornalistas e radialistas que foram às ruas voltam à redação, estúdios e assessoria, normalmente salas fechadas e de trabalho coletivo, mantêm contato com outros colegas.
O resultado é que já foram registrados, em 2021, pelo menos três surtos de adoecimento, dois em TVs e um em um site de notícia.
Jornalistas e radialistas estão obrigados a trabalhar presencialmente mesmo que não estejam vacinados porque o seu serviço é essencial, conforme define o Decreto Federal 10.288/2020.
Por razões outras, que não vamos discorrer aqui, é difícil a estes trabalhadores a negativa à convocação sob a alegação de medo de adoecer.
Em levantamento preliminar feito pelo Sinjorba (até 19/05/21), há 344 casos de adoecimento de jornalistas/radialista na Bahia, com 21 óbitos e registro de colegas que tiveram a doença mais de uma vez nestes 14 meses de pandemia. Porém, sabemos, estes números são bem maiores. Como a pesquisa foi iniciada em 29 de abril e está em andamento, todos os dias incluímos novos casos. A maior parte dos colegas que adoeceram, 60,7%, estavam atividades externas.
O adoecimento de jornalistas é uma realidade nacional. Segundo levantamento da Federação Nacional dos Jornalistas – FENAJ, foram registradas 203 mortes de jornalistas por Covid até o dia 30 abril de 2021.
A organização Press Emblem Campaign informou que, em março, o Brasil foi responsável por um de cada três jornalistas mortos pela doença no mundo, com 47 mortes no país. Dados divulgados, no final de abril, pela organização, que tem sede na Suíça, elevou a 194 o número de óbitos. A ONG ainda alertou que a idade das vítimas está sendo menor, quando comparada a de registros de casos anteriores. Quase a metade dos profissionais de imprensa que morreram no período observado tinha entre 40 e 60 anos.
Desligamentos por morte no Brasil
Um outro número divulgado pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) chama muito a atenção e comprova que as mortes no setor de comunicação são maiores do que aparecem. No 1º trimestre/2020 foram registrados 194 desligamentos por morte de profissionais no setor. Quando olhamos para os números do 1º trimestre/2021, as mortes saltaram para 435, um crescimento de 124,2%. Estes números estão no Boletim Emprego em Pauta, edição 18, de maio/2021. Para construir a publicação a organização compila números do Caged (Cadastro Geral de Emprego e Desemprego), divulgados pela SEPRT-ME (Secretaria Especial de Previdência e Trabalho do Ministério da Economia do Ministério da Economia).
Na página 5 do estudo, a tabela “Número de desligamentos por morte no emprego celetista – 1º trimestre de 2020 a 1º trimestre de 2021 – Brasil” mostra que só os campos “médicos” e trabalhadores do ramo de “eletricidade/gás” registraram mais desligamentos por morte que o setor de “informação/comunicação”.
Olhando o que aconteceu no Brasil neste intervalo de um ano entre o fechamento do 1º trimestre de 2020 e o 1º trimestre de 2021 que justifique tamanho avanço, só encontramos uma explicação: a Covid-19.