O Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia (Sinjorba) denuncia, com indignação, mais uma medida de profundo desrespeito praticada pelo jornal Correio, da Rede Bahia: a demissão de sete colegas jornalistas, em decisão tomada sem qualquer diálogo com a entidade que representa a categoria. A ação, além de ampliar o drama do emprego no setor de comunicação da Bahia, aumenta a sobrecarga de trabalho para os profissionais que permanecem na redação.
Entre os demitidos nesta quinta (04) estão Ana Lúcia Albuquerque, Osmar Martins, Marina Silva, Nara Gentil, Roberto Midlej, Carolina Cerqueira e Tharsila Prates, jornalistas reconhecidos pela dedicação e contribuição ao jornalismo baiano. O Sinjorba se solidariza com todos os profissionais atingidos por esta medida inexplicável.
Lucro com benefícios fiscal
É importante lembrar que a Rede Bahia foi a empresa de comunicação do estado que mais recebeu benefício fiscal do governo federal entre 2013 e 2024. O objetivo dessa política era claro: evitar demissões e garantir empregos. No entanto, o que se viu nos últimos 12 anos foi exatamente o contrário no Correio/TV Bahia.
Segundo levantamento do Sinjorba, a Rede Bahia economizou, apenas nesse período, quase R$ 30 milhões em desoneração da folha de pagamento. Em vez de preservar postos de trabalho, os donos da empresa transformaram esses recursos em resultado financeiro, promovendo cortes sistemáticos e substituindo jornalistas formados por trainees, em mais um gesto de desprezo com o Jornalismo e com a sociedade.
Para a presidente do Sinjorba, Fernanda Gama, a decisão do Correio é uma contradição inaceitável. “A Rede Bahia usufruiu de recursos públicos que deveriam proteger empregos, mas escolheu o caminho inverso: demitir jornalistas e precarizar as condições de trabalho. Isso é um desrespeito não só à categoria, mas à sociedade que financia esses benefícios”, ressalta.
Queda livre
Com as sete demissões mais recentes, o Correio reduziu seu quadro de 106 jornalistas para menos de 40 no período em que gozou de benefícios fiscais sobre a folha de pagamento. Ou seja, em pouco mais de uma década, a redação foi esvaziada, enquanto os empresários zombaram dos cofres públicos e mantiveram compromisso zero com a geração de empregos e com o país.
A postura da empresa é ainda mais grave diante do fato de que nem sequer assinou o acordo coletivo 2025-2026, e já reduziu em 15% o número de empregados. Isso reforça a prática antissocial da Rede Bahia, que não dialoga de forma madura, demonstra não respeitar a representação sindical e não cumpre o papel que deveria ter como empresa beneficiada por incentivos públicos.
Defesa da categoria
O Sinjorba repudia com veemência essa nova onda de demissões no Correio e reafirma seu compromisso de lutar contra as práticas predatórias que enfraquecem o jornalismo e retiram direitos dos trabalhadores.
Em nome da categoria, o Sindicato exige explicações públicas da empresa, cobra respeito a relação de trabalho e reitera que não se calará diante de medidas que colocam em risco a dignidade dos jornalistas e o direito da sociedade à informação de qualidade.
Saúde em risco
A Rede Bahia é hoje a empresa de comunicação do estado onde mais ouvimos depoimentos de colegas se queixando de problemas de saúde, muitos com afastamentos por causa do estresse, da sobrecarga e da ansiedade causada por um permanente clima de medo da demissão.
Nessa sexta (05), o Sinjorba encaminhará documento à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE) denunciando as práticas o Correio por conta da instituição de um ambiente de trabalho inseguro e adoecedor.