Home SinjorBA Defesa do diploma é destaque em sessão especial da Câmara de Salvador

Defesa do diploma é destaque em sessão especial da Câmara de Salvador

por Sinjorba

Vereador Augusto Vasconcelos (PCdoB), autor da proposta da sessão especial em homenagem aos jornalistas (Foto: Reginaldo Ipê/CMS)

A sessão especial convocada pelo vereador Augusto Vasconcelos (PCdoB) em homenagem ao Dia do Jornalista (7 de abril) e pelo 72º aniversário do Sinjorba acabou se transformando, nesta terça-feira (25), na Câmara Municipal de Salvador, em mais um ato da campanha em defesa da aprovação da Proposta de Emenda Constitucional 206/2012. Pronta para ser votada desde 2015, a chamada PEC do Diploma restabelece a formação superior em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo, como exigência ao exercício profissional.

Participaram da sessão a diretoria do Sinjorba, profissionais de imprensa e educadores que atuam no ensino superior em Jornalismo. A professora Cybele Amado, diretora de Formação Docente e Valorização dos Profissionais da Educação, da Secretaria de Educação Básica – Ministério da Educação (DICAP/SEB/MEC), também esteve presente ao evento.

Ouvidor-geral da CMS, Vasconcelos abriu a sessão enaltecendo a importância do jornalismo como sustentáculo da democracia. Criticou os ataques aos profissionais de imprensa patrocinados por governos de matriz autoritária e caracterizados pelo “negacionismo à ciência e ao bom jornalismo”. Ele aproveitou a oportunidade para reiterar seu apoio à campanha pela aprovação da PEC  206.

Moacy Neves: ‘Pouco a comemorar e muito a conquistar’  (Foto: Reginaldo Ipê/CMS)

Em nome dos jornalistas baianos, o presidente do Sinjorba, Moacy Neves, agradeceu ao vereador pela homenagem, mas lembrou que a categoria tem pouco a comemorar e muito a conquistar. Destacou como principais pautas do momento: o combate à violência contra a imprensa, a campanha pelo restabelecimento da exigência do diploma de nível superior para o exercício profissional e a aprovação de uma nova regulamentação da profissão de jornalista para incorporar as novas funções advindas com a tecnologia e as mudanças na comunicação.

A criação de um fundo de fomento ao jornalismo, tendo como uma de suas fontes a taxação das plataformas digitais, “que ganham bilhões de dólares com o conteúdo produzido pelos jornalistas” é outra das prioridades dos jornalistas em âmbito nacional, diz Neves, que é também primeiro-secretário da Fenaj.

Subjornalismo’

O presidente da Associação Bahiana de Imprensa (ABI), Ernesto Marques, fez coro a algumas das preocupações manifestadas pelo dirigente do Sinjorba. Trouxe como exemplo de violência a profissionais de imprensa o apedrejamento do carro da jornalista Alana Rocha, em Riachão do Jacuípe, dias atrás. Na avaliação dele, o atentado – e qualquer ato dessa natureza contra um jornalista por sua atuação profissional – não pode ser encarado como dano material, “mas um dano gravíssimo contra o estado democrático de direito”. E cobrou celeridade nas investigações, a começar pela exigência de apresentação das imagens do local do ataque.

Marques também defendeu a necessidade da formação do profissional em jornalismo como um dos meios de enfrentar o que chama de “subjornalismo”. Para isso, reconhece, é preciso um esforço conjunto envolvendo o Legislativo em todas as instâncias. “Eu me sinto constrangido ao ver verbas oficiais patrocinando veículos que, sequer, têm expediente, não dizem quem são os responsáveis pela publicação”. Esse anonimato, conclui o presidente da ABI, é um incentivo à difusão de informações falsas, as chamadas fake news.

Ernesto Marques: ‘Ataque a jornalista é um dano gravíssimo contra o estado democrático de direito’ (Foto: Reginaldo Ipê/CMS)

Transfobia

Presidente da  Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil na Bahia (CTB-BA), a líder sindical Rosa de Souza declarou apoio à campanha pela aprovação da PEC 206: “Esta não é uma luta apenas dos jornalistas, mas da sociedade”, destacou. “Porque defender o diploma do jornalista é contribuir para a formação de profissionais com responsabilidade e ética”, justificou.

Jornalistas de origem, mas atuando já há algum tempo na área acadêmica, os professores Washington Souza filho, vice-diretor da Faculdade de Comunicação da Ufba, e Haroldo Abrantes, coordenador do curso de Jornalismo da UCSal, participaram da sessão especial e se posicionaram favoravelmente à campanha. “A falta de exigência do diploma é uma contradição, diante da existência dos cursos, além da situação atual, em que o debate sobre as transformações ocorre com mais frequência nas instituições de ensino públicas e privadas”, defende Souza Filho. Para Abrantes, “somente forças retrógradas, que não têm interesse no fortalecimento da sociedade, podem ser contra a formação profissional do jornalista”, entende.

A Comissão de Mulheres do Sinjorba esteve representada pela coordenadora, Isabel Santos. Além de agradecer ao vereador Augusto Vasconcelos pela homenagem à categoria, ela destacou a luta que as mulheres jornalistas enfrentam no dia a dia por respeito e dignidade. Lembrou também o caso Alana Rocha, que tem um componente de violência adicional: a transfobia.  “Não temos dúvida de que ela é alvo de ataques, não apenas por sua atuação profissional, mas por ser negra e mulher trans”, aponta. “Mas nós, por meio da rede de combate à violência contra a imprensa, não vamos nos calar nem deixar que esse caso caia no esquecimento”, promete.

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