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Jornalismo baiano perde um de seus expoentes

Morreu no dia 9 de agosto o jornalista investigativo Alberto Miranda.

por Sinjorba

Enlutado, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia (Sinjorba) vem lamentar a morte de um dos grandes nomes do Jornalismo da Bahia, um dos melhores cronistas policiais do Brasil, Alberto Antônio de Miranda. Jornalista e escritor Alberto Miranda morreu no último dia 9 de agosto, aos 84 anos, em sua residência no bairro do Bonfim, em Salvador, deixando os filhos Alberto Miranda Filho (46 anos) e Mateus Miranda (41). Atendendo a pedido pessoal, seu corpo foi cremado ontem, no Cemitério Bosque da Paz.

Alberto Miranda foi um destacado profissional, vencedor dos prêmios: Esso de Jornalismo (1974), Cruz Vermelha Internacional no Rio de Janeiro (1976), ABI (Associação Baiana de Imprensa), em agosto/87, setembro/88, novembro/89, abril/90, setembro/90 e maio/93. Desenvolveu uma longa carreira como repórter e editor na área de segurança, até alguns anos atrás denominado como editoria de polícia.

Em uma de suas reportagens memoráveis, Alberto Miranda trabalhava na antiga sucursal baiana de O Globo, e fez a cobertura, um furo nacional, da prisão, em Salvador, do foragido Mariel Mariscot, o bandido carioca mais procurado do país, então. Miranda também fez uma bela reportagem sobre um caso de condenação, por erro judiciário, em Vitória da Conquista, de dois policiais militares acusados de homicídio.

Com a reportagem investigativa que foi premiada com o Esso edição regional, Miranda livrou dois policiais militares, acusados de matar um comerciante, de uma pena conjunta de 44 anos. O trabalho de Miranda levantou fatos ignorados pelo inquérito do delegado de polícia local e contou com o remorso de um dos verdadeiros assassinos no leito de morte. Ao final, foi descoberta a trama concebida por cunhados e pela própria esposa do comerciante, que contrataram dois pistoleiros profissionais para matar o marido. O atentado foi realizado em 4 de dezembro de 1968. A motivação foi vingança por maus tratos sofridos pela esposa e por um dos cunhados ter ficado paralítico depois de ser ferido por tiros pelo comerciante. Ignorando tudo isso, levantado pela reportagem, o inquérito resultou em dois júris, que condenaram os dois policiais a 23 e 21 anos, respectivamente. Eles ficaram presos por cinco anos.

Escreveu os livros “Memorial de um repórter de polícia”, em 1993, um relato autobiográfico de sua carreira, e “Anjos ou demônios?!” , lançado em 2016, uma das primeiras e corajosas denúncias sobre execucões, e perseguição policial e judicial a integrantes da comunidade LGBT.

Jornalista profissional iniciou-se no “Diário de Notícia” em 1965, passando em seguida para o “Jornal da Bahia” e depois para “A Tarde” onde ficou por vinte anos. Correspondente por vários anos da Revista do Rádio e TV e Revista do Esporte, do Rio de Janeiro. Free-Lance da “Revista Veja, “Placar”, “O Cruzeiro”, “Jornal da Tarde de São Paulo” e “Sobre Rodas”. Repórter Policial de “O Globo do Rio”, entre 1973/1980. Produtor e apresentador de programa policial na Rádio Clube de Salvador, entre 1976 e 1981. Chefe da Assessoria de Comunicação Social da Secretaria da Segurança Pública, nas gestões dos secretários Luiz Arthur de Carvalho (75/79) e Sérgio Habib (1991).