Em assembleia realizada na tarde desta quinta (1º), na sala do Sinjorba no aplicativo Zoom, os jornalistas do Correio rejeitaram, por unanimidade, a proposta da empresa para o acordo coletivo de trabalho. O jornal propôs um reajuste de 4% nos salários e 8% no piso salarial, atualmente em R$ 2.572,84.
Os trabalhadores avaliaram e decidiram que após as perdas verificadas entre 2019 e 2022, o índice de reajuste apresentado pela empresa este ano é insuficiente para recuperar minimamente o poder de compra dos salários. Hoje, o piso salarial pago no Correio está abaixo do valor praticado na maioria dos grandes e médios jornais do país, inclusive em outros estados do Nordeste.
Para se ter uma ideia das perdas, entre 2019 e 2022 o INPC-IBGE, índice utilizado nas negociações com o Correio, ficou em 23,98%. Porém, os salários foram reajustados em 2% em 2021 e 4% em 2022. Importante dizer ainda que nos meses de abril a dezembro de 2020 os trabalhadores acumularam grandes prejuízos com a redução salarial e de jornada trazida pela Medida Provisória 936.
“Durante a pandemia de Covid-19, os jornalistas do Correio fizeram um enorme sacrifício, compreendendo as peculiaridades daquele momento e aceitaram o congelamento da remuneração por mais um ano, a redução de salário e a perda do auxílio-alimentação”, lembra o presidente do Sinjorba, Moacy Neves. Para ele, chegou o momento de a empresa reverter as perdas sofridas por seus empregados.
“Ninguém consegue suportar para sempre um prejuízo de quase 18% em seus vencimentos mensais, valores que, diretamente, foram transferidos do contracheque do jornalista para o caixa do empregador na forma de redução de custos”, diz. Apenas para efeito de avaliação, um jornalista que ganha R$ 3 mil por mês acumulou um prejuízo de R$ 7.020,00 no período de 12 meses encerrados em abril/2023.
O Sinjorba já comunicou à empresa, nesta sexta (02), a decisão da assembleia e espera que haja sensibilidade do Correio em formular uma proposta que considere os fatos narrados. Hoje, o piso salarial pago no jornal é menor do que os praticados em jornais de 13 estados do Brasil, inclusive unidades mais pobres, como Alagoas, Maranhão, Acre, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e Tocantins.
Além de rejeitar a proposta, os jornalistas aprovaram estado de mobilização. O Sindicato também está realizando assembleias em outras empresas para unificar a luta dos jornalistas baianos. A entidade marcará um protesto estadual da categoria contra os baixos salários e outros problemas verificados atualmente nas contratações de profissionais pelas empresas jornalísticas do estado.