O enfrentamento aos ataques direcionados a trabalhadores da comunicação agora é oficial e tem nome: Rede de Combate à Violência Contra Profissionais de Imprensa. Idealizado pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI) e pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado da Bahia (Sinjorba), o coletivo foi lançado na manhã desta terça-feira (4), no auditório da ABI, no Centro Histórico de Salvador. O evento contou com a presença de representantes do Governo do Estado da Bahia, órgãos públicos, organizações da sociedade civil e empresas de comunicação.
Com o lançamento – que tem o apoio da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) – ABI e Sinjorba deram início às atividades relacionadas ao Dia do Jornalista, data comemorada nacionalmente em 7 de abril. A criação do coletivo foi anunciada no dia 31 de janeiro, durante audiência pública que debateu o avanço dos ataques contra a categoria na Bahia.
Já integram a Rede as polícias Civil e Militar (Secretaria da Segurança Pública), a Defensoria Pública do Estado (DPE), a Secretaria da Justiça e Direitos Humanos da Bahia e Ministério Público Estadual (MPE) e Ordem dos Advogados do Brasil – seção Bahia (OAB-BA). Representados no evento, o jornal Correio*, a Rede Bahia de Televisão e a Guarda Civil Municipal de Salvador também manifestaram apoio absoluto ao coletivo.
Presidente do Sinjorba, o jornalista Moacy Neves entende que a construção da Rede atende à necessidade de conter a escalada de ataques que coloca o Brasil entre as nações mais inseguras para o trabalho jornalístico: “Conseguimos vencer o nosso primeiro desafio, que foi lançar a Rede. Já temos a adesão de pelo menos seis instituições públicas, organizações da sociedade civil e veículos importantes de comunicação”, diz. “O segundo desafio é funcionar. Vamos criar políticas de prevenção a agressões contra jornalistas e estabelecer protocolos que garantam o combate e a punição dos agressores”, adianta.
Durante o lançamento, o jornalista apresentou a Carta de Princípios da Rede (veja íntegra no final desta matéria). A primeira reunião de trabalho do grupo foi marcada para 11 de abril.
Recado – Também otimista com a criação da Rede, o jornalista Ernesto Marques, presidente da ABI, enfatiza que “a resposta da área pública foi muito boa e cresceu desde a audiência pública que realizamos em janeiro, com destaque para a minuta produzida pela Polícia Civil. A participação dos sindicatos e das empresas de comunicação, como o Grupo Band e a Rede Bahia, também é fundamental”.
Na avaliação de Marques, o lançamento da Rede é uma espécie de recado. “Quem tiver coragem para praticar qualquer tipo de violência contra a imprensa vai precisar ter coragem para enfrentar a exposição pública e o coletivo como ele está proposto. A Rede não é só para observar, é para registrar, instaurar o inquérito, acompanhar a atuação do Ministério Público e a denúncia que for oferecida à Justiça, para que nenhum caso caia no esquecimento”, afirma.
‘Escultor da democracia’
“O meu pronunciamento é de solidariedade a todas essas situações lamentáveis que ocorreram com os profissionais de imprensa da Bahia. A Polícia Civil não compactua, pelo contrário, ela repudia e age para combater este tipo de situação”, pontua o delegado Ricardo Mendes de Barros, representante da PC na Rede. Ele apresentou uma minuta elaborada pela instituição, com orientações para o relacionamento profissional entre agentes policiais e trabalhadores da imprensa.
Linda Bezerra, editora-chefe do jornal Correio*, manifestou apoio do veículo ao coletivo. “Essa Rede é de extrema importância para combater a violência que nos tem vitimado, seja ela física, mental, emocional e moral. Ressalto que o jornalista é profissional importante para a consolidação da democracia, ele é um escultor da democracia. Se ele trabalha em risco, toda a sociedade está em risco”.
Ana Raquel Copetti, representante da Rede Bahia no coletivo, salienta a importância de a sociedade estar em alerta quanto à atuação do jornalista. “O jornalismo profissional tem como propósito transformar a sociedade. Ele atua como crítico, fiscalizador, mas, para isso, o jornalista precisa estar seguro para circular e alcançar as pessoas. É muito louvável essa iniciativa. Espero que a gente consiga ver o resultado na rua”, enfatizou a diretora de Jornalismo da emissora.
A Secretaria de Comunicação do Estado (Secom) foi representada no evento por Luciano Suedde, chefe de gabinete, e pelo jornalista Eudes Benício Dias, coordenador geral de Jornalismo do órgão. “Infelizmente vivemos tempos em que realmente é mais que necessário termos instrumentos efetivos de proteção dos profissionais de imprensa no exercício de suas funções”, avaliou Dias. “Na ponta, o que essa rede estará protegendo também é a nossa democracia, que depende diretamente do livre acesso à informação”, arrematou.
Também participaram do lançamento, diretores da ABI e do Sinjorba, representantes da PM-BA (major PM Renato Lemos Sandes Júnior, e a assessora de imprensa da instituição, Auana Rubio), da Guarda Civil Municipal (inspetor Marcelo Emanuel Silva Gomes e o assessor de comunicação, Lucas Pereira), da OAB-BA (advogado Eduardo Rodrigues), da SSP-BA (delegado Nelson Pires Neto, chefe de gabinete) e representantes de centrais sindicais, entre outras personalidades.
Confira aqui a CARTA DE PRINCIPIOS REDE