Home SinjorBA MP-BA fará ajustes em normativo de funções após Sinjorba criticar lei aprovada na Assembleia

MP-BA fará ajustes em normativo de funções após Sinjorba criticar lei aprovada na Assembleia

por Fernanda Gama

Em resposta às críticas feitas pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba) à Lei 14.763/2024, o chefe de gabinete da Procuradoria-Geral de Justiça do Ministério Público da Bahia (MP-BA), promotor Fabrício Patury, convocou uma reunião com a entidade para discutir o problema. O encontro foi um passo importante para abrir o diálogo sobre a reestruturação do quadro de pessoal do órgão, cuja legislação, na forma como foi aprovada em 14 de agosto passado pela Assembleia, atribuía funções exclusivas de jornalistas a publicitários e a profissionais de Letras Vernáculas.

Participaram da reunião o presidente do Sinjorba, Moacy Neves, a vice-presidente, Fernanda Gama e o assessor jurídico do sindicato, Victor Gurgel. Além do chefe de gabinete, Fabrício Patury, representaram o MP-BA o assessor de gabinete, Tiago Campello e as jornalistas Mariana Ramos e Cibele Gentil.

A Lei aprovada trouxe mudanças na Lei 8.966/2003, incluindo a renomeação das funções de Assessor de Comunicação Social, níveis I e II, para Gestor de Comunicação Social e Gestor Administrativo IV. No entanto, o Sinjorba identificou que, no anexo IV da legislação, foram atribuídas nove funções exclusivas de jornalistas a profissionais de Publicidade e Propaganda e uma atribuição a profissional de Letras Vernáculas, o que viola o decreto que normatiza nossa profissão. O sindicato já havia alertado o MP-BA sobre o problema desde janeiro de 2023, quando um edital de concurso trazia as mesmas inconsistências.

Durante a reunião, o presidente do Sinjorba, Moacy Neves, destacou a importância de corrigir essas irregularidades. “Estamos lidando com uma questão de respeito à profissão e à legalidade. Não podemos aceitar que funções exclusivas de jornalistas sejam destinadas a publicitários, como está escrito na lei. Isso não apenas desvaloriza a nossa categoria, como também fere a legislação que nos protege”, afirmou Neves.

Posição do MP

O chefe de gabinete, Fabrício Patury, ouviu atentamente as colocações do Sinjorba e reconheceu a necessidade de ajustes. Ele explicou que houve uma falha na comunicação do MP-BA, pois o sindicato não recebeu uma resposta à carta enviada em fevereiro de 2023, sobre o último concurso. Ele disse que no processo interno aberto após a missiva da entidade o órgão fazia a devolutiva e explicava onde estava o problema e que se esse diálogo tivesse ocorrido, a correção da divergência levantada agora já tivesse sido feita.

Segundo Patury e seus auxiliares, o problema está no normativo interno do MP-BA que coloca todas as carreiras da área de comunicação (jornalistas, publicitários e relações públicas) dentro de uma mesma cadeia de atribuições. Assim, diz, quando se convocou o concurso em 2023 e se elaborou a nova proposta de lei, agora, foram copiadas as atribuições como estavam lá.

O procurador disse que o órgão se compromete a corrigir o normativo interno, garantindo que as atribuições destinadas aos jornalistas sejam separadas das outras profissões da área de comunicação, de forma a evitar futuras confusões. Ele disse que a urgência na aprovação da lei, o que não permitiu que nossas observações fossem acolhidas, se deu por uma exigência do Supremo Tribunal Federal (STF), obrigando-os a correr na Assembleia.

Patury assegurou que, em futuras atualizações da lei e do Plano de Cargos e Salários do MP-BA, a separação das funções será observada. “Nossa intenção é resolver esse impasse por meio do diálogo, sempre respeitando o que está estabelecido na legislação”, afirmou. Ele garantiu também que nenhum publicitário executa hoje no órgão função de jornalista, inclusive o que foi selecionado no último concurso.

O Sinjorba continuará monitorando a situação e espera que essa mudança no normativo interno deixem as atribuições de cada profissão bem separadas. “A luta pela valorização da categoria e pelo respeito à legislação seguirá como prioridade para o Sindicato, tanto no setor público como no privado”, afirmou Moacy. Para ele, essa prontidão de ação é necessária para recuperar a dignidade de uma profissão que vem sendo bastante vilipendiada desde que o STF, em 2009, de forma temerária e contraditória, derrubou a exigência de formação superior para o exercício profissional do Jornalismo.