Após cinco meses e meio de reuniões, finalmente foram encerradas as negociações salariais nos quatro jornais de Salvador (Correio, Tribuna da Bahia, A TARDE e Massa). Pelos entendimentos, foi garantida a reposição da inflação dos 12 meses que compreendem nossa data-base (maio/2023 a abril/2024), além de aumento real nos salários. Em todos os casos houve ganho acima da inflação também no piso salarial.
Como é de conhecimento de todos, os jornais não têm um sindicato ou associação que os represente, obrigando-nos a fazer conversas individuais, o que dá um imenso trabalho e nos deixa por meses negociando cada acordo. O presidente do Sindicato, Moacy Neves, lista outro complicador. “As empresas possuem diferentes realidades, o que nos obriga a ter flexibilidade e muita paciência na negociação para sair da ‘mesa’ com resultado positivo”, diz ele.
A última empresa a firmar entendimento em 2024 foi o jornal A TARDE/MASSA, que assinou o acordo coletivo dia 09 de outubro. O Correio já tinha firmado o documento em 29 de agosto. A Tribuna da Bahia, que tem uma situação bem mais complicada, ainda não fechou um acordo, mas já incluiu o reajuste nos salários dos jornalistas desde junho.
Correio
No Correio, o acordo foi fechado com 4% de reajuste, retroativo a maio, índice aplicado também em todas as demais verbas e benefícios. Considerando o INPC do período (maio/2023 a abril/2024), que foi de 3,23%, houve um ganho real de 0,77%. Foi garantido um abono de 27% do salário para todos (até o limite de R$ 2.500,00). O piso salarial foi reajustado em 9,5%, elevando-o a R$ 3.285,00 para a jornada de 5 horas.
A TARDE e Massa
O acordo em A TARDE e Massa fixou reajuste de 6,14%, retroativo a maio. Isso representou um aumento real de 2,91%, considerando o INPC do período entre maio/2023 e abril/2024 (3,23%). No tíquete-refeição (benefício é pago a quem ganha até R$ 5.795,24) e demais auxílios foi aplicado um reajuste de 15%. O piso salarial ficou em R$ 5.179,63 para uma jornada de 7 horas. A empresa se comprometeu a quitar em 6 parcelas, a partir de outubro/2024, pendências devidas de anos anteriores a 18 jornalistas.
Para o pessoal contratado no regime Pessoa Jurídica, não houve acordo e o Sindicato levará o assunto para a Superintendência do Trabalho (SRTE) e Ministério Público do Trabalho (MPT). Também incluirá o tema como condicionante para a renovação do Acordo Global de pagamento das rescisões salariais, firmado junto ao TRT e que será rediscutido em junho de 2025.
Tribuna da Bahia
Na Tribuna da Bahia foi aplicado em junho, retroativo a maio, um reajuste de 4% nos salários e 9,9% no piso salarial. O acordo ainda não foi assinado pois há muitas cláusulas reivindicadas pelo Sindicato que a empresa alega não ter condição de cumprir.
Como há muitos anos a empresa não concedia aumento linear, o Sinjorba preferiu fechar o índice para o salário e piso, garantindo logo esse ganho e continuar negociando as demais cláusulas, evitando se repetir o que ocorreu em 2023, quando a Tribuna empurrou as conversas por meses e terminou não concedendo reajuste. O Sindicato não abrirá mão de fechar o acordo 2023-2024.
Piso Salarial
Nos últimos anos, em todas as negociações salariais, o Sinjorba tem perseguido a meta de elevar os pisos salariais, sem entretanto deixar de buscar aumento real para todos. Nos entendimentos firmados em 2024 conseguimos aumento real no piso em todos os quatro jornais: no Correio de 6,27%, na Tribuna da Bahia de 6,67% e em A TARDE/Massa de 2,91%. “Nossa ideia é aumentar o salário de ingresso nas empresas para ter um ganho no curto prazo para quem tem salário menor e, olhando em perspectiva, um ganho para todos, no médio e longo prazos”, diz Moacy.
Moacy diz que isso atende a um objetivo estratégico, uma vez que a categoria não tem um piso regulamentado nacionalmente, beneficiando os patrões, que impõem o que querem. “Com pisos maiores firmados em acordos nas principais empresas, influenciamos todo o mercado de trabalho na Bahia e, dentro de cada veículo, com salário inicial maior, empurramos os demais salários para cima, criando um ciclo virtuoso”, diz.
O presidente do Sindicato diz que a partir de 2025 a entidade buscará firmar planos de cargos e salários (Correio e A TARDE já admitiram conversar sobre o tema) nos acordos coletivos e a elevação do piso agora é fundamental para os objetivos futuros. “Quanto maior for o salário de ingresso, melhores serão os valores das faixas nas tabelas de progressão, favorecendo a todos”, diz. Ele explica ainda que um piso mais alto funciona também como um antídoto contra a rotatividade de mão-de-obra.