“Brasil é, hoje, um pária internacional”, disse, neste sábado (9.05) o ex-chanceler Celso Amorim na série virtual Encontros Digitais, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas Profissionais da Bahia, Sinjorba, com o apoio da Fenaj e da empresa Ayoo. Um dos diplomatas mais respeitados da chancelaria brasileira no mundo, Amorim disse que as dificuldades porque o Brasil passa no enfrentamento ao Covid-19 são decorrentes basicamente da falta de uma atitude afirmativa e a prática de uma política desastrosa do presidente Jair Bolsonaro.
Para o ex-chanceler e ex-ministro da defesa, o problema é que o Brasil tem, hoje, um governo “anormal”, com uma política externa desajustada, rejeitando o multilateralismo e as normas internacionais de cooperação, com um alinhamento automático, mas incoerente, com os Estados Unidos.
“Nas discussões sobre a migração, na ONU, por exemplo, o atual governo brasileiro se aliou com a posição norte-americana, o que é um contrassenso: existem muito mais migrantes brasileiros nos EUA, do que o contrário. Ou seja, a posição brasileira foi contra sua própria gente, nosso próprio povo”, criticou o diplomata.
Celso Amorim também disse que é catastrófica a relação com a China, que é o maior parceiro comercial do Brasil e que detém o protagonismo da economia mundial. “As relações com a China começaram ainda no governo militar, com o presidente Geisel. E, desde então, foram intensificadas por Sarney, Collor, Itamar, Fernando Henrique Cardoso, Lula e Dilma. Pode ter oscilado o grau, mas, sempre foram de amizade e de resultados excelentes para o Brasil”.
O ex-chanceler acredita que, apesar de tudo, o Brasil é um país muito grande e que não será isolado no concerto mundial, apesar de todos esses desastres. “Sou um pessimista no curto prazo e otimista no longo prazo. O coronavírus é muito trágico, está ceifando muitas vidas, mas acredito que vamos progredir, como humanidade, depois desta pandemia. E não acredito em golpe no Brasil: apesar de todas as atitudes incendiárias do Presidente Bolsonaro, as instituições, a mídia, o Congresso, fazem-no não exceder os limites da verborragia”, disse Amorim.
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