Desde as eleições de 2018, o Brasil vem passando por uma regressão do ambiente democrático. O incentivo aos ataques à democracia vem do próprio presidente da República, Jair Bolsonaro, e de seus filhos, que tentam colocar a imprensa e os jornalistas como seus opositores, instando seus seguidores a promoverem perseguições e ações contra veículos de comunicação e seus trabalhadores.
São vários os casos de violação do direito de ir e vir dos profissionais de imprensa já registrados pela Federação Nacional do Jornalistas – Fenaj. As agressões a jornalistas e ao jornalismo cresceram 54% de 2018 para 2019 e 105% de 2019 para 2020. Esse avanço no número de ocorrências tem ligação direta com o presidente, tendo ele como autor ou seus seguidores, incentivados por suas declarações e convocações. Em 2020, 41% de todas as agressões contra jornalistas partiram do presidente Jair Bolsonaro.
Em países cujos governos são autoritários, a imprensa é um dos principais alvos, exatamente porque leva informação ao povo. Governantes com perfil ditatorial têm medo do povo bem informado. Preferem seguidores alienados e violentos, que recebem fake news, não checam a veracidade da informação, formam opinião através dessas notícias falsas e tentam influenciar a sociedade com compartilhamento acrítico, irresponsável e criminoso.
O que aconteceu com a jornalista Paula Fróes nesse domingo, dia 14 de março, na Mouraria, em Salvador, é apenas a continuidade da escalada de agressões contra a imprensa. O Sinjorba solidariza-se com a colega e manifesta seu veemente repúdio.
Agressão
A fotojornalista Paula Fróes, do Jornal CORREIO, foi agredida verbalmente durante a manifestação bolsonarista ocorrida na manhã deste domingo (14) no bairro da Mouraria, em Salvador. Ao registrar imagens do evento, a repórter foi chamada de “palhaça” e “vagabunda”, pelos manifestantes, que questionaram sua presença no local. Após a profissional responder, afirmando que estava apenas trabalhando, o tom dos questionamento ganhou mais violência, resultando nas agressões verbais.
“Agora que você chega, é? Pra dizer que teve pouca gente. Você não tem vergonha na cara. Palhaça! Vocês são bandidos, vagabundos! A imprensa é que nem um cachorro, sempre atrás de comida. Fale seu nome! Vagabunda! Chamei mesmo, de vagabunda, é vagabunda mesmo, a serviço de bandido. Venha cá, comunista!”, gritavam os manifestantes.
Os agressores estavam sem utilizar máscaras de proteção contra a covid-19.