A Câmara de Salvador aprovou nesta quarta (26) três indicações de vereadores ao prefeito Bruno Reis e governador Rui Costa para vacinação prioritária dos profissionais de imprensa da linha de frente contra a covid-19. Os edis se sensibilizaram com os dados apresentados pelo Sinjorba e estão em sintonia com a necessidade de combater a realidade que se impôs com o alto nível de adoecimento e morte de jornalistas e radialistas pela doença.
Os projetos aprovados são de autoria dos vereadores Augusto Vasconcelos (leia aqui), Cris Correia (leia aqui) e Marcelo Maia (leia aqui).
Os projetos de indicação não obrigam os gestores a acatarem seu conteúdo, mas é uma sinalização do legislativo ao executivo para estarem atentos. Mostra que a Câmara está preocupada com determinado fato e pede ao prefeito/governador sua atenção e/ou resolução. É salutar, sempre, que quem está com a “caneta” observe o que dizem os vereadores, que são os representantes legítimos dos munícipes.
Prefeituras de várias cidades da Bahia estão com receio de cumprirem a decisão da Comissão Intergestores Bipartite (CIB), que em 18 de maio passado aprovou a inclusão dos profissionais de imprensa – com mais de 40 anos e que estejam na linha de frente – nas prioridades de vacinação contra a Covid-19 na Bahia. O motivo é uma “recomendação” do MPF (Ministério Público Federal) para que estas não cumpram a definição do comitê de secretários de saúde.
Nas notificações que têm sido enviadas às prefeituras, o MPF inicia recomendando que o gestor “se atenha rigorosamente aos critérios técnicos de prioridade na vacinação contra a COVID-19, seguindo estritamente o estabelecido pelo Plano Nacional de Operacionalização da Vacinação Contra a COVID-19.” E finaliza solicitando “que seja encaminhada dentro do prazo de 15 dias, manifestação a respeito do acatamento da presente recomendação, bem como informações acerca das providências adotadas para o seu cumprimento, acompanhadas dos documentos necessários à sua comprovação.”
Como para um bom entendedor meia palavra já bastaria, bem diz o ditado, após serem notificados e de posse desse teor e, sabendo do “poder” que os ministérios públicos se atribuíram nos últimos anos no Brasil, os gestores estão claramente receosos de fazerem o que é correto, vacinar os profissionais de imprensa, sob pena de serem penalizadas com ações judiciais futuras por parte de procuradores.
Enquanto isso, um jornalista morre por dia no Brasil por causa da Covid (veja aqui documento elaborado pelo Sinjorba). Desde a decisão da CIB na semana passada e a “recomendação” do MP, um jornalista e um radialista morreram na Bahia, nas cidades de Juazeiro e Xique-Xique, respectivamente.