Nesta quinta (31), dia em que se lembrou o golpe militar de 1964, de triste memória, a Prefeitura de Feira de Santana resolveu comemorar a data à caráter, colocando sua Guarda Municipal para agredir professores que protestavam na sede do executivo municipal, respingando em profissionais de imprensa que faziam a cobertura do fato e vereadores.
E, a julgar pelas cenas que assistimos em diversos vídeos que estão correndo a internet (vejam aqui e aqui), a PMFS conseguiu o objetivo, fazendo uma homenagem em alto estilo, copiando sem retoques a truculência e a violência do regime ditatorial que envergonhou o Brasil e manchou a nossa história para sempre. Mancha que, agora, também estará estendida à história política de Feira de Santana, uma cidade que legou ao povo brasileiro filhos ilustres que lutaram contra a barbárie do regime militar (1964-1981), entre os quais o pai do próprio atual prefeito.
Com cassetetes, gás de pimenta, empurrões e pontapés, agentes – brutalizados, despreparados para a função e provavelmente com uma orientação deformada do que seja o papel de uma Guarda Municipal – irromperam contra quem estava à frente, sem respeitar direitos civis dos professores, sem garantir o dever de cobertura da imprensa. Pelo que se viu, nenhum daqueles guardas ali tinham qualquer noção da gravidade dos atos cometidos, tal a atitude e o palavreado usado contra os servidores e profissionais de comunicação.
O colega Melck Moreno e outros profissionais de comunicação que estavam fazendo a cobertura das manifestações foram atingidos pela truculência. Algumas imagens mostram prepostos do executivo municipal impedindo que a imprensa registre a ação violenta da Guarda, seja tentando cobrir a filmagem, seja empurrando e usando gás de pimenta contra o rosto de jornalistas e radialistas.
O Sinjorba lembra que o gás de pimenta causa lesões à pele e aos olhos e é inconcebível que seja utilizado contra jornalistas e demais profissionais no exercício de seu importante trabalho social. Felizmente os colegas atingidos, entre os quais Melck Moreno, que é portador de uma doença autoimune, estão bem.
O direito de manifestação está escrito na Constituição. Se há excesso por parte dos manifestantes, há recursos legais a serem usados pelo executivo para tratar a situação. Ter informação de qualidade é um direito do munícipe de Feira de Santana e os profissionais de imprensa estavam lá para isso, cobrir o fato. Usar a violência, a priori, contra quem protesta e contra quem registra o protesto, mostra o perfil antidemocrático e o despreparo da gestão, que atenta contra a Carta Magna, praticando censura.
O Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba) vai acionar a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) para denunciar o ocorrido em âmbito nacional. Exige da Prefeitura de Feira de Santana uma retratação pública dos atos de violência cometidos por seus agentes e a instalação de uma comissão externa, representativa da sociedade civil, para investigar, apontar responsabilidades sobre os absurdos praticados pela Guarda Municipal da cidade, com posterior punição dos mandantes e executores da selvageria observada.
Moacy Neves – Presidente do Sinjorba