A Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) lança, nesta terça-feira (25), às 17h, no Museu de Arte da Bahia (MAB), o livro “A Academia dos Rebeldes e Outros Exercícios Redacionais”, do jornalista e poeta Florisvaldo Mattos. O livro, editado pelo programa ALBA Cultural, reúne um conjunto de 42 escritos, cuja redação abrange variadas linguagens artísticas, tais como poesia, literatura, artes plásticas, música e cinema, além de movimentos socioculturais e jornalismo.
Jornalista, que exercitou o jornalismo profissional por mais de 50 anos, desde as funções de repórter e outras, até a de editor-chefe, na qual encerrei carreira, classifico esta coletânea, na forma como artigos, desde que, na escrita, foi fundamental ir direto ao assunto, ser fiel às regras de gramática e sintaxe, redigir sempre frases legíveis, compostas de palavras simples, que não abrissem janelas ao assombro, não me enredando com teorias estéticas, de cujas teias abstratas eu não me pudesse desgarrar, recorrer a exemplificações circunstanciais, até citações, que viessem agregar informações de interesse do leitor.
O volume inicia fixando-se no tempo da erupção na Bahia das primeiras chamas intelectuais em favor da introdução dos princípios do movimento deflagrado pela Semana de Arte Moderna, travado pelo conservadorismo renitente da época, como foi a Academia dos Rebeldes (1928-1933), que revelou, só de baianos, nomes como os poetas Sosígenes Costa e Alves Ribeiro, os romancistas Jorge Amado, João Cordeiro e Clóvis Amorim, o etnólogo Edison Carneiro e o crítico de cinema Walter da Silveira, além de um monte de jornalistas e políticos, da Bahia e de outros estados, que fizeram fama nos anos posteriores, alinhando 14 biografias sintéticas dos mais atuantes membros desse movimento.
Prossegue com apreciação das atividades e obras de criadores, nas áreas da poesia, das artes plásticas, apoiando-se surto culturalmente revolucionário das vanguardas de inícios do século XX e no tanto que contribuíram os jovens integrantes da chamada Geração Mapa, além de outros diversos temas. Assim, digo apenas umas poucas palavras sobre alguns desses escritos, cuja quase totalidade consiste de inéditos em livro. Fogem a essa condição os que tratam do poeta Godofredo Filho como um afinado enólogo; o sobre Jacinta Passos, com a sua poética modernista de fundamento político; o sobre o paraibano Augusto dos Anjos, com sua vigorosa elocução expressionista; a anatomia de uma série de poemas que aludem às façanhas e ao malogro da estada de holandeses na Cidade da Bahia do século XVII; o escrito sobre baiano Sosígenes Costa como poeta sensorial.
Suponho que o que vai publicado não será melhor nem pior do que já escrevi e publiquei em prosa, inclusive nas páginas do saudoso caderno A Tarde Cultural, de que fui editor por quase 14 anos. Já na perspectiva de um curioso das artes plásticas, não poderia esquecer outro companheiro de geração, o pintor Sante Scaldaferri, cuja obra em sua fase mais incisiva sempre me pareceu um criador mergulhado na estética do expressionismo figurativo, com traços e cores fortes voltados para a expressão das mais íntimas vibrações do ser humano. No campo das artes, ousei tratar ainda de fauvismo, cubismo e dadaísmo, além de enveredar pela música, com um artigo em homenagem ao grande sambista baiano Oscar da Penha, conhecido pelo apelido de Batatinha, que lhe cravou Antônio Maria, durante um programa de auditório da Rádio Sociedade da Bahia.
O AUTOR
Florisvaldo Mattos é poeta, jornalista e articulista; professor aposentado da Universidade Federal da Bahia, pela Faculdade de Comunicação. Exerceu cargos em vários jornais, entre os quais os de editor-chefe de “A Tarde”, chefe de Redação do “Diário de Notícias”, ambos de Salvador, e de chefe da Sucursal do Jornal do Brasil, na Bahia. Editou o suplemento A Tarde Cultural, premiado em 1995 pela Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA). Membro da Academia de Letras da Bahia, onde ocupa a Cadeira nº 31 desde 1995. Foi presidente da Fundação Cultural do Estado da Bahia (1987-89). Obras publicadas: Reverdor, 1965; Fábula Civil, 1975; A Caligrafia do Soluço & Poesia Anterior, Prêmio da União Brasileira de Escritores, 1996; Mares Anoitecidos, 2000; Galope Amarelo e Outros Poemas, 2001; Poesia Reunida e Inéditos, 2011; Sonetos elementais – Uma antologia, 2012; Estuário dos dias e outros poemas, 2017; Antologia poética e inéditos, 2017 (todos de poesia). Escritos outros: Estação de Prosa & Diversos, 1997); Travessia de oásis – A sensualidade na poesia de Sosígenes Costa, (2004); A Comunicação Social na Revolução dos Alfaiates, 3ª edição, 2018; agora, com CACAUEIROS – Poesia. Conto. Teatro (2022); Academia dos Rebeldes e outros exercícios redacionais (2022). Participou de antologias poéticas baianas, nacionais e estrangeiras (Portugal, Espanha, França e Alemanha).