A Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ) divulga na próxima quarta-feira (25/01), às 15 horas, o Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2022, na sede do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro, mostrando que foram registrados 376 agressões a jornalistas e a veículos de comunicação ao longo do ano passado.
O evento será transmitido pelo Canal da FENAJ no YouTube e Facebook, e retransmitido pelas páginas dos Sindicatos de Jornalistas filiados e confirmará que as agressões se mantiveram em níveis elevados, apesar da queda registrada em comparação com o ano anterior. Foram 54 casos a menos que os 430 registrados em 2021, ano recorde, desde o início da série histórica dos levantamentos feitos pela FENAJ.
Mas, apesar da redução no total de casos, o Relatório da FENAJ aponta aumento dos ataques diretos aos profissionais da notícia, como hostilizações chegando a agressões físicas. O ano de 2022 foi marcado, no Brasil, pelas eleições gerais e pela violência política, que atingiu autoridades, políticos, militantes dos movimentos sindical e social e pessoas que, em comum, tinham o fato de serem defensores da democracia e das instituições democráticas. Os jornalistas brasileiros foram, igualmente, vítimas do ódio político, mas tiveram de continuar enfrentando também a violência dirigida à categoria em razão do exercício profissional.
Apesar da queda de 12,53% em relação ao ano anterior, a análise do levantamento constatou que as agressões diretas a jornalistas tiveram crescimento em todas as regiões do país, com ataques cotidianos. “Houve uma agressão por dia a jornalista no país no ano passado”, afirma a presidenta da FENAJ, Samira de Castro, destacando que, em muitos casos, mais de um profissional foi agredido.
Houve crescimento de 133,33% nas ocorrências de Ameaças/hostilizações/intimidações, que foi a segunda categoria com maior número de ocorrências em 2022, com 77 casos. Já as Agressões físicas aumentaram 88,46%, passando de 26 para 49 no ano passado. Cabe destacar, ainda, o brutal assassinato do jornalista britânico Dom Phillips, numa emboscada, junto com o indigenista Bruno Pereira, em Atalaia do Norte (AM).
E o começo de 2023 não parece indicar mudança neste quadro. Somente nos primeiros dias de janeiro foram dois casos de agressão e ameaça a equipes jornalísticas apenas em Salvador. No último deles, em 16/01, a repórter Tarsilla Alvarindo (que recebeu um murro no rosto), o cinegrafista George Luís e o motorista Marcos Oliveira, da TV Record Itapoan, foram agredidos enquanto cobriam ao vivo um acidente de trânsito. O primeiro episódio ocorreu no dia 11/01, com a equipe da TV ARATU ameaçada por eleitor de extrema direita no Farol da Barra.
O Sinjorba e a Associação Baiana de Imprensa decidiram constituir um fórum estadual para acompanhar e prevenir os casos de violência e assédio contra jornalistas no exercício de seu trabalho profissional. A iniciativa deve contar com o Ministério Público do Trabalho, Ministério Público do Estado da Bahia, Tribunal de Justiça da Bahia, Secretaria de Segurança Pública, Ordem dos Advogados do Brasil, entre outras autoridades e representantes dos veículos, para pedir providências urgentes para preservar a segurança dos jornalistas na atividade profissional.