Home SinjorBA Entidades classificam decisão de juiz contra site de informações caso como censura

Entidades classificam decisão de juiz contra site de informações caso como censura

por Fernanda Gama

Sinjorba se posiciona e diz que a censura impede a função social do bom jornalismo

Teve ampla repercussão nesta segunda-feira (31) a determinação do juiz Leonando Grandmasson Ferreira Chaves, da 32ª Vara Cível do Rio de Janeiro, que mandou o site de informações GGN retirar do ar uma série de reportagens envolvendo os bancos BTG Pactual e Banco do Brasil. As reportagens foram feitas pelos jornalistas Luis Nassif e Patrícia Faermann.

Entidades representantes e políticos brasileiros estranharam a decisão de Grandmasson. Eles condenaram o que classificaram como mais um episódio de censura. A determinação da justiça contra o GGN também foi condenada pelo presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Felipe Santa Cruz, e por políticos (entre eles Lula e Ciro Gomes) e jornalistas. Além disso, o tema foi parar nos assuntos mais comentados no Twitter.

As reportagens censuradas são sobre a compra pelo BTG Pactual, que tem como um de seus fundadores o ministro da economia Paulo Guedes, de uma carteira de créditos do Banco do Brasil, num negócio sobre o qual pesam suspeitas de favorecimento a interesses privados, já que a venda foi fechada por pouco mais de 10% dos R$ 3 bilhões que a carteira valeria.

O presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (SinjorBA), Moacy Carlos Neves, afirma que a censura impede a função social do jornalismo. “Isso prejudica a sociedade brasileira que fica impedida de ter acesso ao que acontece no Estado e nas relações deste com o interesse privado. É um ato que impede a função social do bom jornalismo que só divulga informações de interesse da população. Por outro lado, demonstra também, que o judiciário brasileiro ainda é um local onde os grandes interesses privados, sejam eles legais ou não, morais ou não, continuam sendo tratados com tapete vermelho”, completou.

O jornalista Luis Nassif disse que, sem entrar no mérito das informações levantadas pelo GGN, o juiz afirmou que o site “transbordou os limites da liberdade de expressão” e que as reportagens poderiam gerar prejuízo financeiro aos acionistas do BTG. Na decisão, o juiz escreveu que a imprensa deve ser livre, mas não pode causar “danos à imagem de quem quer que seja”.

O portal GGN retirou as 11 reportagens do ar. Se não tivesse retirado teria de pagar multa de R$ 10 mil por dia. O site está recorrendo da decisão.

Texto: Caderno de Notícias