Cinco dias após ter o carro apedrejado, em Riachão de Jacuípe, onde enfrenta, há anos, ações de violência por sua atuação profissional, a jornalista Alana Rocha ainda não conseguiu prestar depoimento na delegacia local. Os empecilhos começam a se acumular, iniciando pelas férias do delegado da Polícia Civil responsável pelas investigações.
Nesta segunda (17), à tarde, ela vivenciou dificuldades quando esteve no órgão. Seu depoimento terminou por não acontecer, após ter ido duas vezes ao local. “Ficam com essa enrolação, acho que estou cercada de inimigos”, desabafou Alana, em relato à direção do Sindicato dos Jornalistas da Bahia (Sinjorba).
A colega vem recebendo apoio da Comissão da Mulher da entidade e da Rede de Combate à Violência contra Profissionais de Imprensa, lançada no dia 4 deste mês, em iniciativa conjunta do Sinjorba e da Associação Bahiana de Imprensa (ABI). O fórum é composto por órgãos públicos, pela OAB-BA e por veículos de comunicação.
Alana registra que a não liberação das imagens das câmeras da rádio Gazeta FM, que podem identificar o autor do apedrejamento, é hoje um problema para o caso. “Na delegacia, o ocorrido não foi registrado como atentado à minha vida, mas como danos materiais ao meu carro. Quando tentava dar o depoimento, hoje, me coagiram para eu falar o nome do suspeito, mas não poderia porque não tive acesso às câmeras. Fiquei muito nervosa”, relatou.
Carta aberta
Nesta segunda, em carta aberta ao público, divulgada em suas redes sociais, a jornalista comunicou seu afastamento do programa que mantém na rádio, alegando que o apedrejamento do veículo foi um fato limite, com consequências graves para o estado de saúde de sua mãe. “(… ) A minha mãe está abalada e fragilizada, não se alimenta direito, não está dormindo bem, temendo que eu seja assassinada e entre nas estatísticas e posteriormente na impunidade”, diz em trecho do documento.
O Sinjorba deixa claro: o que aconteceu em Riachão do Jacuípe não cairá no esquecimento, como tantos outros crimes semelhantes, até hoje impunes. “Alana e sua família podem ter certeza do nosso empenho para que este atentado seja elucidado e os responsáveis punidos”, diz o presidente da entidade, Moacy Neves. Ele ressalta que a Rede foi criada com o objetivo de garantir aos profissionais de imprensa a segurança necessária para o exercício de sua função social . “Este caso será um exemplo dessa atuação”, promete.
Nesta terça (18), Sinjorba e ABI-Bahia acionarão novamente a Secretaria de Segurança Pública (SSP) e a Secretaria de Justiça e Direitos Humanos (SJDH), órgãos que compõem a Rede, para relatar o andamento da situação e reiterar o pedido de providências que garantam celeridade nas investigações e segurança à profissional.