Edifício Bráulio Xavier pode ter estrutura condenada por irresponsabilidade de condômino
A sede do Sindicato dos Jornalistas da Bahia e o painel “A Colonização do Brasil” do artista plástico Carybé, ambos localizados no edifício Bráulio Xavier, na tradicional Rua Chile, centro de Salvador, estão ameaçados. A causa é a irresponsabilidade de um condômino que ocupa todo o 5º andar do prédio e não realiza obras para solucionar uma infiltração que já destruiu a sala 401 e agora inviabiliza a sala 301, que pertence ao Sinjorba.
“O problema já vem de alguns anos e o condomínio não consegue que o responsável tome as providências necessárias”, denuncia o presidente do Sinjorba, Moacy Neves. Segundo ele, a infiltração vem de um terraço localizado no 5º andar, que é de propriedade do senhor Raimundo dos Santos Moreira, dono também de todas as demais salas do pavimento.
Segundo Moacy, a sede do Sindicato sofre com infiltração em todas as paredes, goteiras, deterioração e quebra do piso de cerâmica, o curto-circuito na instalação elétrica já provocou a perda de um computador. “Há risco estrutural e humano, uma vez que a qualquer momento partes do teto podem desabar ou uma pessoa pode tomar choques elétricos”, reclama. Além disso, documentos e publicações do acervo da entidade já foram perdidos por conta de mofo e de um alagamento ocorrido em julho passado, quando ninguém estava no local.
O sindicalista lamenta que além da sede do Siniorba, único bem que o Sindicato dispõe, o painel de Carybé, instalado na lateral do prédio e que é tombado pela Fundação Gregório de Matos, já está sofrendo as consequências da infiltração. “Trata-se de um dos mais belos registros do artista em Salvador, em uma área turística que está sendo revitalizada, com a abertura de hotéis, obras públicas e reforma de prédios antigos”, registra Moacy. Para ele, a cidade pode perder o monumento muito em breve.
Medidas judiciais
O Sinjorba está ingressando com uma ação judicial por danos material e moral contra o proprietário do terraço de onde se origina o vazamento e está acionando a Codesal e a Fundação Gregório de Matos para que sejam tomadas providências. “Já tentamos contato com o condômino várias vezes e não conseguimos, restando-nos agora o apelo à Justiça, para evitar ainda mais prejuízos financeiros e administrativos”, afirma Moacy Neves.
Uma ação judicial do condomínio do edifício Bráulio Xavier, contra o senhor Raimundo e mais dois sócios, está em curso na 7ª Vara Cível de Salvador. Já existe, inclusive, uma determinação da Justiça para que ele resolva o problema. Até o momento, entretanto, não houve empenho efetivo nesse sentido e a situação está cada vez pior. “A sala 401 já foi destruída pelo vazamento e agora o dano atingiu a sede do Sinjorba, o que vai nos obrigar a ter que deixar o local nos próximos dias”, diz o presidente da entidade.
No dia 8 de julho passado, o condomínio ingressou com nova petição no processo, dessa vez informando sobre o avanço dos danos sobre os demais imóveis do prédio. No documento, é informado do risco de desmoronamento caso não seja feita uma intervenção urgente.