A vice-presidenta do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba), Gabriela de Paula, esteve em Nova York cumprindo agenda institucional nas últimas semanas. A convite do Instituto Por Elas, mediou, na Climate Week NYC 2025, o painel “Mineração no Brasil: impacto nas mulheres”, realizado na Câmara de Comércio Brasil–Estados Unidos, em Manhattan. A participação reforça o protagonismo do Sinjorba em agendas internacionais que articulam jornalismo, direitos humanos e transição justa — temas centrais para a cobertura e para as condições de trabalho da categoria.

Painel teve participação de Rizzia Froes (Instituto Por Elas), Isis Taboas (Ministério das Mulheres), Uakyrê Pankararu Braz (pesquisadora da aldeia Cinta Vermelha) e Luizamara Ribeiro (advogada das famílias vítimas de Brumadinho e Mariana)
(Veja a íntegra do painel no canal da Brazilian-American Chamber of Commerce)
Com casa cheia e predominância feminina, o debate reuniu pesquisadoras, lideranças indígenas, juristas e representantes de organizações civis para discutir efeitos sociais, econômicos e ambientais da atividade mineral sobre mulheres, especialmente indígenas, quilombolas e ribeirinhas. Ao conduzir a conversa, Gabriela destacou a necessidade de proteção a fontes e repórteres, enfrentamento à desinformação e promoção de boas práticas de apuração em contextos de conflito socioambiental.

Debate foi realizado no coração de Manhattam, an Brazilian-American Chamber of Commerce
“Levar a voz do Sinjorba à Semana do Clima e a diversas outras agendas com presença de líderes globais em Nova York reafirma que a defesa dos direitos humanos caminha ao lado do acesso à informação ética e de qualidade”, avaliou a vice-presidenta do Sinjorba.
Agenda institucional em Nova York

Gabriela esteve no encontro do Pacto Global na ONU (à esquerda) e na programação oficial da Semana do Clima (direita)
Para além do painel, a direção do Sinjorba cumpriu uma série de compromissos que ampliam a presença do Sindicato em fóruns estratégicos globais. O primeiro compromisso foi no Pacto Global (ONU), com a presença em reuniões de trabalho com representantes do UN Global Compact para troca de experiências sobre integridade, direitos humanos, trabalho decente e igualdade de gênero nas cadeias de valor que impactam a comunicação e o jornalismo.
Gabriela também esteve no evento promovido pela Fundação Gates, o Goalkeepers NYC 25. No mesmo dia da abertura da Semana do Clima e da Assembleia Geral da ONU, o bilionário Bill Gates reuniu centenas de ativistas de causas sociais no Lincoln Center para chamar a atenção sobre caminhos que façam a mortalidade de crianças com menos de cinco anos voltar a cair no mundo.
Neste evento, coube à brasileira Ingrid Silva, primeira bailarina do Dance Theater of Harlem, numa performance que ela própria coreografou, a abertura da programação. Fruto de um projeto social no Morro da Mangueira, o “Dançando Para Não Dançar”, Ingrid Silva é hoje um dos maiores nomes da dança do Brasil no mundo. A apresentação teve o vencedor do Grammy Jon Baptiste ao piano tocando “What a Wonderful World” seguida de um discurso do próprio bilionário Bill Gates sobre as crianças que não chegam ao quinto aniversário.
O presidente do governo da Espanha, Pedro, recebeu o troféu “Global Goalkeeper 2025” pelo compromisso da Espanha em manter financiamentos para fundos globais de saúde enquanto outras nações têm cortado estes investimentos, o chefe de estado defendeu a cooperação. “Há uma mensagem errada do Ocidente quando falamos em reduzir a ajuda a quem precisa”, afirmou.
Sánchez reforçou as críticas a como Israel tem respondido às ações do Hamas e defendeu o cessar-fogo imediato na Palestina. “Tenho falado aos outros líderes europeus que os mesmos valores que nós defendemos na Ucrânia precisam ser defendidos para a Palestina”, defendeu, ao mesmo tempo em que reconhece que é preciso dar uma resposta aos ataques terroristas que não atinjam vidas inocentes. Ele ainda foi aplaudido pelo teatro lotado quando celebrou o recente reconhecimento do estado Palestino por dois países membros do Conselho de Segurança da ONU, a França e o Reino Unido.
Mulheres têm 14 vezes mais chance de morrer em desastres ambientais
Com uma mesa composta integralmente por mulheres, o painel promovido pelo Instituto Por Elas “Mineração no Brasil: impacto nas mulheres” levou à programação da Climate Week NYC 2025 um debate sobre o lado humano e quem vive próximo às terras onde são encontradas as riquezas minerais agora chamadas de estratégias pelos líderes globais, que se reúnem a poucas quadras na Assembleia Geral da ONU.
Com mediação da vice-presidente do Sinjorba, Gabriela de Paula, a Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, espaço em Manhattan que com frequência abriga encontros dos maiores empresários do país, abriu espaço para uma pauta com o lado humano de quem vive próximo às terras onde são encontradas as riquezas minerais agora chamadas de estratégias pelos líderes globais, que se reuniam a poucas quadras na Assembleia Geral da ONU.
Lítio de terras indígenas é essencial para transição energética
Povos tradicionais estão no centro da transição energética: 57,8% das reservas dos chamados minerais estratégicos estão em territórios de povos tradicionais. Quando falamos em lítio e manganês, 85% e 75% respectivamente das reservas estão em locais onde vivem populações originárias. O PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, aponta que mulheres têm probabilidade 14 vezes maior de morrer em desastres climáticos do que homens.
Moradora da aldeia Cinta Vermelha Jundiba, a pesquisadora indígena Uakyrê Pankararu Braz foi à Nova York para mostrar do mundo a realidade vivida por sua comunidade. “Minha avó fala: estão mastigando a terra. Estão nos deixando de lado, violando nossos direitos. Não somos contra o desenvolvimento. Mas qual o desenvolvimento que teremos se não tiver água?”, alerta a integrante do povo Pataxó-Pankararu.
Representando a ministra Márcia Lopes que foi chamada de última hora para um compromisso com o presidente Lula na ONU, a assessora especial do Ministério das Mulheres, Isis Taboas, destacou que a pauta climática é um dos eixos da 4ª Conferência Nacional das Mulheres, com representantes de todo o país. “Há uma desproporcional destes desastres na vida das mulheres, especialmente das indígenas, quilombolas e ribeirinhas. Aumenta o trabalho de cuidado, que é executado majoritariamente pelas mulheres, porque temos mais pessoas doentes, idosos, crianças que precisam dessa atenção”, ressalta a representante do poder público.
Para a presidente do Instituto Por Elas, a advogada Rizzia Froes, organizadora do painel, ter quem seja parceiro em causas que podem ser desconfortáveis é muito importante. “Se chegamos num espaço desse de poder, temos a obrigação moral de trazer outras mulheres. Hoje estamos sentados no PIB brasileiro em Nova York. Trazer um assunto polêmico para ser discutido com respeito é muito importante”, destacou. Rizzia ainda lembrou que é preciso não deixar a empolgação do momento inicial apagar e fazer com que as propostas de avanço tornem-se realidade.
O evento contou com a presença da cônsul-adjunta do Brasil em Nova York, ministra Marissol Romariz, da indígena membro da nação indiana Manipur e fundadora da Aliança Global dos Povos Indígenas, Justiça de Gênero e Paz, Binalakshmi Nepram, da diretora executiva do Pacto Global – Rede Brasil, Daniela Grelin, do membro do conselho da Brazilian-American Chamber e CEO do Grupo Tremond Metals, Renato Tichauer, da defensora pública da União, Lutiana Valadares, e de dezenas de ativistas, advogadas e defensores de direitos humanos. Houve ainda a exibição em estréia do minidocumentário “Nós somos a terra: a luta dos Pataxó Pankararu”, dirigido por Marco Poubel e produção do Instituto Por Elas.
Crise imigratória aumenta demanda por atendimentos consulares
Até 2024, o Consulado Geral do Brasil em Nova York emitia, em média 450 passaportes por mês. Eram casos de extravio ou de conterrâneos que queriam voltar ao nosso país depois de terem perdido a validade do documento. Em setembro de 2025, a unidade ligada ao Itamaraty passou dos 2.000 passaportes entregues – tudo isso com a mesma estrutura física e de pessoal.
Esse volume quase quintuplicado tem uma explicação. O endurecimento de como o governo dos Estados Unidos tem lidado com os imigrantes indocumentados. Em uma conversa de mais de uma hora na sede do Consulado-Geral do Brasil em Nova York, a cônsul-adjunta Marissol Romariz detalhou o quadro atual.

Ministra Marissol Romariz, cônsul-adjunta do Brasil em Nova York, recebeu comitiva do projeto Yacy Por Elas.
“Nós estamos trabalhando com o dado certo de que nos próximos três anos esse é o clima e que vai só se agravar. Você tem um processo de remoção da população indocumentada, especialmente daquela que tem a pele mais escura, o que mostra também um componente racial. É isso que tenho visto quando visito o centro de processamento do ICE [sigla em inglês para Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos], lá não tem loiro de olho azul”, avalia no que faz questão de deixar claro que se trata de uma opinião pessoal, baseada no que tem observado.
Além da participação em diversos outros painéis da Semana do Clima, Gabriela de Paula também esteve na comitiva recebida pela docente do Metropolitam Museum, Angelica Walter. Ela, que estuda um dos maiores acervos artísticos do mundo há 18 anos, mostrou ao grupo uma seleção de obras que se conectam com a nossa história.
Outro momento importante foi quando a pesquisadora pataxó/pankararu Uakyrê Pankararu Braz analisou sob a ótica da arte indígena brasileira a mostra especial sobre a produção dos povos tradicionais dos Estados Unidos. “São peixes, sol e plantas representados, assim como nas nossas peças. Isso demonstra a forte conexão que nós, dos povos irmãos pelo mundo, temos com a natureza, como guardiões da Terra”, ressaltou.

Vice-presidenta do Sinjorba esteve na comitiva recebida pela docente do Metropolitam Museum, em Manhattam, Angelica Walker.
A atuação em Nova York posiciona o Sinjorba no debate internacional sobre clima, direitos e informação, fortalece pontes com atores que influenciam políticas públicas, fortalecendo o papel social da prática jornalística.