O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado da Bahia (Sinjorba) manifesta profunda indignação diante de mais um grave episódio de violência contra profissionais da imprensa em Salvador. Menos de 24 horas após o videorrepórter Rildo de Jesus, da TV Bahia, ser ameaçado ao vivo por quatro homens armados no Complexo do Nordeste de Amaralina, na segunda (11), um novo ataque foi registrado na terça (12). Desta vez, o alvo foi o videorrepórter Almir Santos, da Record Bahia.
Enquanto cobria uma operação policial no Vale do Canela, Almir Santos foi agredido com uma pedrada na cabeça. Ele relatou que estava posicionado no local para registrar a saída de suspeitos de uma galeria, quando um homem surgiu repentinamente e arremessou a pedra. Apesar do impacto, Almir não sofreu ferimentos graves, pois utilizava capacete no momento da agressão. “Foi um grande susto, fiquei atordoado e saí correndo sem entender o que estava acontecendo. Graças a Deus, estou bem”, afirmou o jornalista.
Para o presidente do Sinjorba, Moacy Neves, a sequência de episódios em tão curto intervalo de tempo reforça a necessidade de medidas urgentes, não somente por parte das autoridades, mas também dos veículos de comunicação. “Esses ataques demonstram o aumento da hostilidade contra profissionais de imprensa no exercício do seu trabalho, mas também demonstra que medidas de prevenção não estão sendo tomadas pelos veículos, que definitivamente não podem continuar enviando repórteres para áreas de risco sem medidas prévias de preservem sua segurança”, cobra o sindicalista.
“O Estado precisa garantir condições seguras para a cobertura jornalística, mas as empresas devem adotar medidas preventivas, afastando a normalização de que pauta de segurança é uma atividade de risco”, diz Moacy. Ele prega que se não há segurança para que o profissional busque a notícia, deve-se evitar colocá-lo na linha de frente da cobertura. Bom lembrar que quando reivindicamos colocar uma cláusula de periculosidade nas convenções e acordos, as empresas reagem com o discurso de que não cabe na nossa atividade.
Moacy informa que se os veículos de comunicação, na desenfreada corrida por audiência, estão pagando para ver algo mais grave acontecer para aí acordarem ao problema, o Sinjorba não vai esperar. “Já solicitamos ao nosso Departamento Jurídico que estude uma forma de representar contra as empresas no Ministério Público do Trabalho (MPT) para que implementem protocolos de segurança efetivos antes que um colega pague com a vida pela irresponsabilidade patronal”, diz.
O Sinjorba reforça a urgente necessidade desses protocolos e políticas claras de proteção, cabendo também aos veículos oferecerem apoio e acompanhamento em áreas de risco, equipamentos de rastreamento e comunicação em tempo real, além de treinamento especializado para atuação em zonas conflagradas. “Deve-se evitar também enviar um único profissional a este tipo de cobertura, porque ele fica muito exposto a ações como essas, pois não tem que lhe faça um alerta no momento em que sua atenção está voltada para a cobertura do fato principal”, completa o presidente do Sinjorba.
A representação da entidade afirma que ambos os casos serão incluídos no Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil, organizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), e acompanhados pela Rede de Combate à Violência Contra Profissionais de Imprensa, coordenada pelo Sinjorba e pela Associação Bahiana de Imprensa (ABI). “Informar é um direito da sociedade. Quem informa merece respeito, valorização e segurança”, finaliza Moacy Neves