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Jornalista é espancado enquanto filmava guerra de espadas

por Fernanda Gama

O jornalista Orlando Oliveira Silva foi agredido no último dia 24 de junho, enquanto filmava uma guerra de espadas no bairro Ana Lúcia, em Cruz das Almas, Bahia. O material seria utilizado em uma matéria jornalística sobre as espadas e suas contradições, com as diversas opiniões favoráveis e contrárias. O profissional foi perseguido e derrubado, sendo atingido por diversos socos e pontapés, ficando com escoriações nos braços, costas e rosto, além de ter destruído seu aparelho celular.


Segundo Orlando, a agressão partiu de um empresário conhecido em Cruz das Almas como Tereco, além de parentes e pessoas que estavam em sua casa, mais de 10 no total, conforme relatou em uma postagem no Facebook. A queima de espadas ocorria na rua em frente à casa do agressor e, quando este percebeu que o jornalista fazia o registro da atividade, iniciou os xingamentos e a agressão. Morador do bairro, o profissional correu, mas foi alcançado antes de chegar em casa.


Orlando contou que uma moradora do bairro, ao ver as agressões, usou sua moto para apartar a situação, permitindo que ele pudesse se levantar, correr e pedir socorro aos seus familiares, que na confusão também foram agredidos. Nesta segunda (27) ele fez o exame de corpo de delito e disse que vai tomar as providências policiais e jurídicas cabíveis para exigir reparação pelas agressões e prejuízos sofridos.


“A guerra de espadas já teve o seu período romântico, era uma época que as espadas faziam parte de um contexto alegre de uma festa tradicional do povo nordestino e cruzalmense, inclusive se tornando uma referência importante para a cidade, mas de alguns anos para cá está sendo utilizado como um instrumento de medo e intimidação de pessoas e sendo utilizadas por vândalos”, desabafa Orlando.


Orlando ressaltou que respeita os verdadeiros espadeiros que, registrou, declararam publicamente, através de sua Associação, que este momento de pandemia não é o ideal para realizar tal prática, pois as vidas devem estar em primeiro lugar.


O Sinjorba entrou em contato com Orlando neste domingo (27) e ouviu o seu relato dos fatos. A entidade se solidariza com ele e seus familiares agredidos, oferecendo ao profissional todo o apoio neste momento.
“O clima de violência que vivemos hoje no Brasil não surgiu agora, mas vem sendo amplificado em ações cotidianas por segmentos da sociedade, que se apoiam na postura do presidente da República, Jair Bolsonaro, um incentivador de confrontos, autor de uma política pública belicista e defensor do uso de armas pela população”, diz o presidente do Sinjorba, Moacy Neves. Ele diz que o Sindicato vai acompanhar de perto este caso e exigirá das autoridades uma investigação séria das agressões e da justiça uma punição exemplar aos agressores.