O Sinjorba esteve representado na Conferência Livre Estadual de Saúde Mental como Direito Humano no Trabalho, realizado pelo Fórum Estadual de Proteção ao Meio Ambiente do Trabalho (Forumat-BA), no dia 29 de abril. “A iniciativa tem especial importância neste momento, face ao crescente adoecimento dos trabalhadores, cujos direitos históricos e mecanismos de proteção social vêm sendo sistematicamente retirados, como estamos vendo, a exemplo da crescente pejotização”, avalia o presidente do Sindicato, Moacy Neves.
A saúde mental no ambiente de trabalho é hoje uma preocupação central para os jornalistas, diante dos diversos fatores a que estão expostos no cotidiano do exercício profissional, seja nas redações ou nas atividades externas. Para o jornalista Ney Sá, que representou o Sindicato, no evento, “faz tempo que essa questão vem sendo objeto de estudos e debates, mais ainda agora, diante das incertezas derivadas da precarização das relações de trabalho e da insegurança causada pela escalada de violência contra jornalistas”. alerta Sá.
O cenário de precarização dos contratos de trabalho, lamentavelmente, vem se banalizando e existem hoje milhares de trabalhadores que não possuem nenhum tipo de contrato e vivem em situação que já se convencionou chamar de “uberização”, na qual as pessoas trabalham para pagar empresas proprietárias de aplicativos, sem que essas assuma qualquer responsabilidade pela assistência a esses trabalhadores.
Tragédia na saúde mental
Para a médica sanitarista Letícia Nobre, diretora de Vigilância e Atenção à Saúde do Trabalhador (Divast), da Sesab, que fez a palestra de abertura da Conferência de Saúde Mental, uma série de fatores cumulativos vem provocando o adoecimento da população, por conta do sofrimento mental que as relações de trabalho impõem.
A palestra mostrou que o adoecimento mental ligado ao trabalho é um problema que atinge os diversos setores da sociedade, não apenas quem vive nas grandes cidades, mas também a população rural e até mesmo povos originários. “A deficiência de leis que promovam melhor regulação das relações de trabalho, além da falta de políticas públicas de proteção daqueles que são mais vulneráveis, têm causado uma verdadeira tragédia de sofrimento mental”, avaliou a Dra. Letícia.
Conferência nacional em agosto
Essa conferência livre do final de abril se insere no calendário da 5ª Conferência Nacional de Saúde da Trabalhadora e do Trabalhador (CNSTT), cujo tema central é “Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora como Direito Humano”, organizada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) e promovido pelo Ministério da Saúde, que acontecerá de 18 a 21 de agosto, em Brasília. A etapa Estadual será de 10 a 12 de junho, em Salvador.
O conjunto das conferências discute a situação atual da saúde mental dos trabalhadores e tem por objetivo apresentar propostas de avanço nas políticas públicas e na participação social, a partir do debate do Tema Central e de três eixos: a Política Nacional de Saúde do Trabalhador; as Novas Relações de Trabalho e a Saúde; e a Participação Popular na Saúde dos Trabalhadores e das Trabalhadoras para o controle social.
Leia mais sobre saúde mental dos jornalistas:
- Guia Básico de Saúde Mental para Jornalistas (PDF)
- Guia de saúde mental diante de eventos extremos
- Pesquisa nacional da Fenaj e Fundacentro
- A Crise de Burnout no Jornalismo (em inglês)
- Estratégias em comunidade para saúde mental dos jornalistas